Logo no início da história o autor nos anuncia a morte, portanto já sabemos que a morte é certa, não há expectativa quanto a isso, mas esta revelação antecipada em nada diminui a curiosidade do leitor quanto ao final da história. A história se desenvolve numa cidade do interior da Colômbia. Todos se preparam para o casamento de Bayardo San Roman com Ângela Vicário, mas durante a cerimônia descobre-se que a noiva não era mais virgem, fato que a desonrava. O noivo, descontente, devolve Ângela a sua família e sua mão Pura Vicário a esbofeteia até que ela conta que quem a desonrou foi Santiago Nasar. Seus irmãos Pedro e Pablo partem para vingá-la. Logo, a vítima é Nasar, filho único, rico e solteiro, que desde pequeno tinha estranhos sonhos com árvores, fato que aqui aparece como mau presságio.
O que mais impressiona na história é o fato de toda a comunidade saber que o crime acontecerá. Eles sabem quem, quando e onde, e todos acham revoltante, mas ninguém o impede pois todos tem segredos a esconder, e se escondem atrás de seus telhados de vidro. Aqui o autor mostra sua habilidade em trabalhar com a psique humana. Ao longo da história ele nos descreve o lugarejo, fala sobre os costumes e valores presentes nesta comunidade, e como essas pessoas sentem e pensam. O narrador não se identifica, mas sabemos que é alguém que conhecia Nasar e os outros envolvidos.
O grande mistério do livro é, na verdade, quem desonrou Ângela, já que esta mentiu, aparentemente para proteger o seu amado.
terça-feira, 24 de março de 2009
Projeto da Turma 202
Projeto da Turma 107
sexta-feira, 13 de março de 2009
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quarta-feira, 11 de março de 2009
Projeto para a Turma 103
Quanto às circunstâncias em que a obra foi criada, vale lembrar que ele aconteceu
quase de maneira casual. Conforme nos relata Harold Bloom (2002, p. 262), Mary Shelley e seu
marido Percy estavam passando o verão de 1816 às margens de um lago na Suíça e tinham
como vizinho o poeta Lord Byron1. Durante as noites ou quando o tempo não estava propício
aos passeios, os amigos reuniam-se para ler histórias alemãs de fantasmas e discutirem teorias
científicas que estavam em propagação naquela época, como, por exemplo, o galvanismo2 e as
experiências do Dr. Erasmus Darwin (avô de Charles Darwin) no campo das leis da vida
orgânica. No fulgor das discussões, eles chegaram a cogitar a possibilidade de se reanimar um
cadáver.
Para passar o tempo, Byron propôs que cada pessoa presente (ele próprio, seu amigo
Polidori e os Shelley) escrevesse uma história fantasmagórica. Sob a influência das histórias
lidas e das discussões filosóficas e científicas, Mary Shelley conforme ela mesma diz, “viu” em
uma noite que estava com insônia a cena principal de sua história: um jovem cientista
apavorado diante da criatura disforme que acabara de dar vida. No outro dia, Mary disse aos
seus amigos que tinha pensado em uma história e escreveu um conto de poucas páginas que se
iniciava com a frase: “It was on a dreary night of November [...]” (SHELLEY, 1996, p. 25)3
que, na versão definitiva da obra, está localizada no início do capítulo V, página 25, onde
justamente a Criatura recebe a vida. Entusiasmados com o que leram, os amigos, e
principalmente o marido, incentivaram-na a transformar aquele conto num romance, que foi
publicado pela primeira vez em 1818. A idéia de Mary Shelley foi a melhor que surgiu no grupo
naquele momento e a única que foi concluída.
Depois de alguns dias de repouso no navio, Victor Frankenstein decide contar a sua
história para o capitão, com a finalidade de não deixar que a busca desenfreada pelo
conhecimento e sabedoria arruinasse a vida de Walton.
Victor conta sua vida desde quando era pequeno. Relata como sua amada Elizabeth
entrou para a família; como procurava descobrir a origem das coisas; a morte de sua mãe e o
desejo dela de que Victor e Elizabeth se casassem. Antes de se casar, no entanto, Victor vai para
a universidade em Ingolstadt estudar medicina. Após dois anos de estudo, decide estudar
Fisiologia e descobre como animar a matéria sem vida – devido às conseqüências catastróficas
de tal descobrimento, Victor não especifica este segredo.
Então constrói com parte de cadáveres, um ser gigantesco e lhe dá vida. Quando a
Criatura abre os olhos e respira, percebe que infundiu vida num ser que lhe causa horror e
repulsa. Victor então cai num sono repleto de pesadelos; ao despertar, vê a face horrenda da
Criatura a lhe contemplar; sai correndo desesperadamente pela noite chuvosa e só pára quando
encontra, descendo de uma carruagem, o amigo de infância, Henry Clerval, que veio estudar em
Ingolstadt. Eles vão à casa de Victor, o qual fica tão contente em não mais encontrar a Criatura
que tem um ataque de riso, muito próximo à loucura, e desmaia. Victor fica acamado durante
alguns meses, tendo, como enfermeiro, Henry.
Ao ter a saúde restabelecida, Victor começa a estudar Literatura juntamente com
Henry. Um dia, recebe a notícia de que William, seu irmão mais novo, estava morto. Ele retorna
imediatamente a Genebra. Ao chegar, é impossibilitado de entrar porque era tarde da noite e os
portões da cidade já estavam fechados. Então, visita o lugar onde seu irmão foi morto. Lá vê a
Criatura e logo deduz que ela é a responsável pela morte de William. Ao chegar em casa, seu
irmão Ernest diz que Justine Moritz era culpada pela morte da criança, porque a jóia que ele
estava usando naquele dia foi encontrada em seu poder. Justine foi julgada e condenada ao
cadafalso pelo crime.
Melancólico com a morte de Justine, Victor vai passear pelas montanhas e encontra a
Criatura; ela implora a Victor que ouça a sua história. Esse, movido pelo remorso, decide ouvila:
após receber vida, vendo-se sozinha no laboratório, a Criatura pega algumas roupas e segue
para a floresta. Ali, aprimora seus sentidos e aprende algumas coisas, como, por exemplo, a
utilidade do fogo. Devido à escassez de comida, muda-se dali e refugia-se sob uma cabana.
Nesse lugar, a Criatura observa, através de uma fenda na parede, o comportamento de seus
moradores. Uma família composta por um velho cego, de nome De Lacey, e seus filhos Félix e
Ágata. Eles viviam em Paris e tiveram seus bens confiscados porque Félix auxiliou um
comerciante turco a fugir da prisão por acreditar em sua inocência. O turco, em gratidão,
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prometeu-lhe a mão de sua filha Safie. No entanto, após a fuga, o turco volta para sua terra natal
e tenta levar a filha com ele, mas a moça foge para viver junto ao seu amado. Como ela não
sabia falar a língua inglesa, Félix começa a ensinar-lhe o idioma. Através dessa fresta, a
Criatura assiste às aulas e aprende a falar. Logo depois, encontra uma pasta com alguns livros e
toma conhecimento da leitura e da escrita. Nessa época, encontra, entre as roupas que trouxera
do laboratório, o diário de Victor. Por meio dele, descobre a sua origem, quem era seu criador e
passa a odiá-lo. Esse ódio aumenta quando a Criatura sente-se rejeitada pelos homens; primeiro,
ela tenta uma aproximação com o velho De Lacey (que a acolhe carinhosamente), mas Félix o
espanca e foge com sua família da cabana; em seguida, após salvar uma criança da morte, é
ferida pelo homem que a acompanhava.
Depois de se recuperar, a Criatura segue para Genebra, na esperança de encontrar seu
criador. Um dia, enquanto descansava, vê um menino brincando na floresta. Ela acredita que
aquela criança, por ser inocente, não iria rejeitá-la. Movida por esse impulso, agarra o menino,
que começa a gritar que seu pai, o Sr. Frankenstein, a castigaria. Ao ouvir esse nome, a Criatura
mata o garoto. Logo depois, encontra uma jovem adormecida num celeiro e coloca em sua
roupa a jóia que retirou do garoto.
Ao terminar sua história, a Criatura pede a Victor para criar uma fêmea para lhe fazer
companhia. Victor concorda com essa idéia, desde que eles deixem para sempre os lugares
habitados pelo homem. Por sentir repulsa em desenvolver seus trabalhos em casa, vai à
Inglaterra. Nessa viagem, tem a companhia de Henry; no entanto, Victor desvencilha-se dele e
vai para uma ilha quase deserta montar seu laboratório.
Após construir o novo ser, Victor percebe que está cometendo outro erro e o destrói
antes de lhe dar vida. Isso desperta a ira vingativa da Criatura, que promete acompanhá-lo em
sua noite de núpcias. Victor abandona a ilha e, após adormecer num barco que tomou para se
desvencilhar do cadáver, aporta na Irlanda. Lá, é acusado da morte de um homem, ninguém
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menos que o seu amigo Henry. Ao ver o corpo, desespera-se e cai em coma profundo. Após
recuperar a saúde, Victor é absolvido das acusações e volta a Genebra para se casar com
Elizabeth. Desta forma, determinaria seu futuro: ou morreria ou destruiria a Criatura.
Após o casamento, o casal segue para sua noite de núpcias. Victor arma-se e aguarda
que a Criatura venha ao seu encontro. Enquanto inspecionava a hospedaria, ouve um grito
terrível. Ele corre até o quarto e encontra Elizabeth morta no leito nupcial. Através das vidraças,
vê a figura sinistra da Criatura. Victor saca a sua arma, atira, mas ela consegue sumir no lago.
Depois disso, seu pai adoece e morre de desgosto.
Movido pela vingança, Victor passa a perseguir a Criatura por várias partes do mundo;
sofre muito durante essa perseguição, que só acaba quando fica preso num bloco de gelo no mar
e é salvo por Robert.
Assim termina a narrativa de Victor Frankenstein. O que segue foi descrito por Walton.
Várias vezes, o capitão tenta arrancar informações sobre a criação da Criatura, mas o cientista
sempre se nega a dar tal informação. A saúde de Victor foi piorando a cada dia, até culminar
com a sua morte. Na noite em que isso ocorreu, Walton entra na cabina onde estava o corpo e se
depara com a Criatura chorando abraçada ao cadáver. No entanto, agora é tarde para
lamentações, como ele mesmo diz. A Criatura promete rumar para o Norte, onde acenderia sua
pira funerária e, assim, encontraria seu fim. Dizendo isto, salta do navio e desaparece na
escuridão infinita.
Projeto para a Turma 102
O Médico e o Monstro
(The Strange Case of Dr. Jekill and Mr. Hyde)
Robert Louis Stevensson
Capítulo 1
O advogado Utterson era um sujeito frio, concentrado, de poucas palavras, reservado, magro, alto, parcimonioso e melancólico, e tendo Richard Enfield, sendo o seu parente distante.
Foram a uma ruazinha de um bairro comercial em Londres, onde próximo havia uma construção sombria de dois andares, cuja única porta, sem campainha nem batente, estava empenada e suja. Era a porta de um laboratório.
Enfield e Utterson começaram a conversar sobre a porta. Aquele narrou que certa vez um homem (o qual Enfield não sabia descrevê-lo perfeitamente) esbarrou em uma menina (que tinha entre oito e dez anos) e passou em cima dela tranqüilamente. Pessoas da família formaram um grupo em torno da menina enquanto o homem continuava a andar. O homem era torturado sendo-lhe dito que se gozava de consideração perderia tudo, que seu nome seria amaldiçoado de um extremo a outro de Londres.
Estipulou-se uma indenização (proposta pelo sujeito estranho) à família: cem libras. Para arranjar o dinheiro, o homem os arrastou àquela porta; tirou uma chave, entrou, voltou com dez libras em ouro e um cheque autêntico assinado com um nome muito conhecido, que figura muitas vezes nos jornais. O homem (odioso e parecido com Satanás, segundo Enfield) disse que ficaria com Enfield até os bancos abrirem e que ele próprio descontaria o cheque.
O advogado Utterson quis saber o nome do indivíduo que atropelou a criança. Chamava-se Hyde. Utterson e Enfield combinaram de não mais referirem-se ao assunto.
Capítulo 2
Utterson regressou ao seu apartamento, foi ao escritório, apanhou do cofre um envelope que continha o testamento do Dr. Jekyll. No testamento, constava que em caso de falecimento de Henry Jekyll todos os seus bens passariam às mãos do seu “amigo e protegido Edward Hyde”, o que indignava o advogado. Este foi encontrar seu amigo Dr. Lanyon. Conversando, o Dr. Lanyon diz que há mais de dez anos Henry Jekyll tornou-se um mistério e começou a trilhar por caminhos errados. Dr. Lanyon, respondendo a Utterson, disse que nunca ouviu a respeito de Hyde.
Em seu leito, o advogado imaginou a situação narrada por Enfield; enfim debateu-se com o problema. E queria ver o rosto de Hyde.
Utterson começou a rondar a ruazinha cheia de lojas. Disse “Se ele é o Sr. Hyde eu serei o Sr. Seek”, fazendo um jogo de palavras com os verbos “to hide” (ocultar) e “to seek” (procurar) em inglês.
Enfim, Hyde dirigia-se com a chave na mão à porta. Encontraram-se. Hyde disse a Utterson que não encontraria o Dr. Jekyll. Mas Utterson ainda não via o rosto de Hyde, que era pálido e baixo. Utterson pediu-lhe para poder ver seu rosto. Os dois olharam-se com firmeza durante alguns instantes.
Utterson foi até a uma casa procurar pelo Dr. Jekyll. Foi atendido por um criado velho, Poole, mas o Dr. Jekyll não estava lá. Poole, em conversa com Utterson, comentou que Hyde tinha a chave da porta e que geralmente entrava e saía pelo laboratório.
Utterson tinha o pressentimento de que Henry Jekyll estava em maus lençóis.
Capítulo 3
Quinze dias depois, Dr. Jekyll — homem grande, bem proporcionado, de rosto liso, beirando os cinqüenta anos — ofereceu um jantar a uns seis velhos amigos.
Utterson perguntou aflito a Jekyll sobre seu testamento. Jekyll queria ter o assunto por encerrado, pedindo no final que caso morresse ajudasse Hyde.
Capítulo 4
Um crime incomum abalou Londres em 18 de outubro. Uma criada, por volta das onze horas, recolheu-se no quarto de sua casa (não longe do rio) para se deitar. Testemunhou dois indivíduos conversando (conversa que em princípio não parecia ser de grande importância), reconhecendo um certo Sr. Hyde em um deles, que repentinamente foi tomado por um ataque de cólera, batendo o pé no chão, brandindo a bengala, agindo como um louco e, enfim, assassinou o outro, pisoteando-o, descarregando-lhe uma chuva de pancadas. Sua bengala foi quebrada ao meio; um pedaço rolou para a sarjeta próxima, e o outro decerto foi levado.
Junto à vítima, havia um envelope selado e fechado para o senhor Utterson, o qual a polícia lhe entregou na manhã seguinte. Utterson foi à delegacia de polícia, aonde o cadáver foi transportado, e reconheceu-o: era Sir. Danvers Carew.
O advogado e o inspetor foram aonde mora o Sr. Hyde. A criada velha estava relutante em deixá-los entrarem, mas assim o fizeram, e encontraram a outra metade da bengala. O policial satisfez-se: confirmou-se que Hyde foi o assassino.
Capítulo 5
Utterson transpôs a porta da casa de Jekyll. Conduzido por Poole, foi ao gabinete de Jekyll, atravessando o anfiteatro de anatomia, outrora freqüentado por estudantes turbulentos, mas agora frio e silencioso.
Jekyll parecia mortalmente enfermo. Estendeu a mão fria a Utterson e cumprimentou-o com uma voz transtornada. Falaram sobre o assassinato e Jekyll jurou nunca mais vê-lo, dando sua palavra de que o riscou do mundo, descartou-se dele.
Utterson queria saber se foi Hyde quem ditou os termos do testamento a Jekyll no que se referia ao seu desaparecimento. Embaraçado e sem abrir a boca, acenou afirmativamente com a cabeça.
Jekyll deixou com Utterson uma carta assinada por Edward Hyde, deixando a seu cargo o que fazer com ela. Utterson deduziu que a carta só poderia ter sido recebida pela porta do laboratório, ou escrita no gabinete.
Utterson retornou à sua casa. Mostrou a Guest, empregado seu e perito em caligrafia, a carta. Guest analisou-a. Disse ser a letra muito singular. Ao compará-la com uma carta de Jekyll para um jantar trazida pela criada, Guest disse que em muitos pontos as caligrafias são idênticas; apenas inclinadas de forma diferente.
Só naquela noite, Utterson foi ver a carta que já havia guardado no cofre. Disse que Henry Jekyll forjou-a para salvar um assassino.
Capítulo 6
Milhares de libras foram oferecidas em recompensa a quem descobrisse quem foi o assassino de Sir Danvers. Com a ausência malévola de Hyde, o Dr. Jekyll passou a ter uma vida nova, retomou relações com amigos, praticava o bem. Durante mais de dois meses, o médico viveu em paz.
Depois, a casa de Jekyll ficou fechada para Utterson. Este resolveu procurar pessoalmente Lanyon mais tarde.
Lanyon teve mudança em sua fisionomia, perdeu a cor saudável, emagreceu, e parecia mais calvo e velho.
Utterson perguntou-lhe sobre Jekyll. Lanyon não queria ouvir sobre ele.
Logo que Utterson chegou à sua casa, escreveu para Jekyll indagando a causa do infeliz rompimento com Lanyon. Recebeu uma resposta extensa dizendo que o desentendimento com Lanyon não tinha conserto. Este, tempo depois, entregava a alma a Deus. Na noite depois do funeral, Utterson, em seu escritório, lia uma carta confidencial a si. Dizia-se que enterrou um amigo e queria saber se isto lhe custaria a perda de um outro. Dentro, havia outro envelope avisando que não deveria ser lido antes da morte ou desaparecimento do Dr. Henry Jekyll. Queria ler, mas a honra profissional e a memória do seu falecido amigo não o permitiram.
Jekyll, ao que parecia, exilava-se mais do que nunca no gabinete ao fundo do laboratório, onde muitas vezes chegava a dormir.
Capítulo 7
Utterson e Enfield passeavam em um domingo pela famosa rua. A porta e as três janelas, elas eram a parte posterior da casa de Jekyll.
No pátio fresco e úmido, chamavam por Jekyll, pois havia uma janela que estava entreaberta. Falaram um pouco a Jekyll sobre sair de casa, mas ele se recusava. Propôs-se que conversassem como estavam. Jekyll sorriu aceitando, mas logo o sorriso desapareceu, surgindo uma expressão de terror. Aconteceu rápido como um relâmpago, pois Jekyll fechou instantaneamente a janela, mas foi o suficiente para deixar Utterson e Enfield com raiva.
Capítulo 8
Certa noite, Poole visitou o Dr. Utterson dizendo-lhe haver uma coisa sórdida. Foram ver o Dr. Jekyll. Este, em seu laboratório, disse a Poole, quando o invocou, que não receberia ninguém. Sua voz parecia muito mudada.
Poole contou que era recebia a tarefa de ir a farmácias buscar medicamentos ao Dr. Jekyll. Conta também que certa vez foi à sala de anatomia, e quando Jekyll o viu chegar, deu uma espécie de grito e fugiu ao gabinete com pressa.
Utterson entendeu que o médico estava com uma doença que deforma o doente, e por isso sua voz se alterava, evitava ver amigos, procurava com ansiedade um remédio.
Para Poole, aquele não era Dr. Jekyll: calculava que fosse o Sr. Hyde.
Utterson ameaçava o Dr. Jekyll de usar a força para entrar, se ele não abrisse a porta. “Por amor de Deus, tenha piedade!” soava a voz de Hyde. Então, arrombaram a porta. No meio do gabinete, reconheceram o corpo contorcido de Edward Hyde jazendo no chão. Procuravam por Jekyll, mas não o encontravam. Não tinha por onde escapar.
Na mesa de trabalho, o advogado abriu um envelope e vários documentos caíram no chão. Ainda que com medo, leu uma carta de Henry Jekyll para si. Ele pedia a Utterson ler a narrativa de Lanyon.
Saíram do laboratório, e Utterson foi ler as duas narrativas em que este mistério seria finalmente explicado.
Capítulo 9
Na narrativa de Lanyon, diz-se que Jekyll escreveu uma carta a Lanyon pedindo-lhe um favor: apanhar uma gaveta com substâncias químicas, em resumo. Lanyon não podia compreender o porquê desse favor, mas o fez em consideração a Jekyll.
Lanyon foi à casa de Jekyll e de lá levou o conteúdo à sua própria casa, onde receberia um enviado de Jekyll. Este indivíduo, vestido ridiculamente, depois de entrar na casa de Lanyon (que o aguardava com uma arma, no caso de precisar defender-se em legítima defesa) e conversar consigo, tomou de uma só vez a fórmula: começou a transformar-se e Lanyon não entendia o que acontecia. Henry Jekyll aparece como um ressuscitado diante de Lanyon.
Lanyon, na narrativa, diz a Utterson que, segundo confissão do próprio Henry Jekyll, a pessoa que havia entrado na casa era conhecida pelo nome de Mr. Hyde e perseguida pelo assassínio de Carew.
Capítulo 10
Henry Jekyll, enfim, confessa, em uma carta, ter utilizado uma fórmula que ocasionou o aparecimento de um eu — Edward Hyde (conceituado por Jekyll como “pura essência maléfica”) — em si. Hyde era repugnante, um sujeito mau, entregue ao pecado. Conta sobre a força que Hyde usava para se manifestar, ter sua liberdade. Finalmente, disse que punha ponto final à infeliz vida do médico infortunado chamado Henry Jekyll.