quarta-feira, 11 de março de 2009

Projeto para a Turma 103


Frankenstein

Mary Shelley


Quanto às circunstâncias em que a obra foi criada, vale lembrar que ele aconteceu
quase de maneira casual. Conforme nos relata Harold Bloom (2002, p. 262), Mary Shelley e seu
marido Percy estavam passando o verão de 1816 às margens de um lago na Suíça e tinham
como vizinho o poeta Lord Byron1. Durante as noites ou quando o tempo não estava propício
aos passeios, os amigos reuniam-se para ler histórias alemãs de fantasmas e discutirem teorias
científicas que estavam em propagação naquela época, como, por exemplo, o galvanismo2 e as
experiências do Dr. Erasmus Darwin (avô de Charles Darwin) no campo das leis da vida
orgânica. No fulgor das discussões, eles chegaram a cogitar a possibilidade de se reanimar um
cadáver.
Para passar o tempo, Byron propôs que cada pessoa presente (ele próprio, seu amigo
Polidori e os Shelley) escrevesse uma história fantasmagórica. Sob a influência das histórias
lidas e das discussões filosóficas e científicas, Mary Shelley conforme ela mesma diz, “viu” em
uma noite que estava com insônia a cena principal de sua história: um jovem cientista
apavorado diante da criatura disforme que acabara de dar vida. No outro dia, Mary disse aos
seus amigos que tinha pensado em uma história e escreveu um conto de poucas páginas que se
iniciava com a frase: “It was on a dreary night of November [...]” (SHELLEY, 1996, p. 25)3
que, na versão definitiva da obra, está localizada no início do capítulo V, página 25, onde
justamente a Criatura recebe a vida. Entusiasmados com o que leram, os amigos, e
principalmente o marido, incentivaram-na a transformar aquele conto num romance, que foi
publicado pela primeira vez em 1818. A idéia de Mary Shelley foi a melhor que surgiu no grupo
naquele momento e a única que foi concluída.

Depois de alguns dias de repouso no navio, Victor Frankenstein decide contar a sua
história para o capitão, com a finalidade de não deixar que a busca desenfreada pelo
conhecimento e sabedoria arruinasse a vida de Walton.
Victor conta sua vida desde quando era pequeno. Relata como sua amada Elizabeth
entrou para a família; como procurava descobrir a origem das coisas; a morte de sua mãe e o
desejo dela de que Victor e Elizabeth se casassem. Antes de se casar, no entanto, Victor vai para
a universidade em Ingolstadt estudar medicina. Após dois anos de estudo, decide estudar
Fisiologia e descobre como animar a matéria sem vida – devido às conseqüências catastróficas
de tal descobrimento, Victor não especifica este segredo.

Então constrói com parte de cadáveres, um ser gigantesco e lhe dá vida. Quando a
Criatura abre os olhos e respira, percebe que infundiu vida num ser que lhe causa horror e
repulsa. Victor então cai num sono repleto de pesadelos; ao despertar, vê a face horrenda da
Criatura a lhe contemplar; sai correndo desesperadamente pela noite chuvosa e só pára quando
encontra, descendo de uma carruagem, o amigo de infância, Henry Clerval, que veio estudar em
Ingolstadt. Eles vão à casa de Victor, o qual fica tão contente em não mais encontrar a Criatura
que tem um ataque de riso, muito próximo à loucura, e desmaia. Victor fica acamado durante
alguns meses, tendo, como enfermeiro, Henry.
Ao ter a saúde restabelecida, Victor começa a estudar Literatura juntamente com
Henry. Um dia, recebe a notícia de que William, seu irmão mais novo, estava morto. Ele retorna
imediatamente a Genebra. Ao chegar, é impossibilitado de entrar porque era tarde da noite e os
portões da cidade já estavam fechados. Então, visita o lugar onde seu irmão foi morto. Lá vê a
Criatura e logo deduz que ela é a responsável pela morte de William. Ao chegar em casa, seu
irmão Ernest diz que Justine Moritz era culpada pela morte da criança, porque a jóia que ele
estava usando naquele dia foi encontrada em seu poder. Justine foi julgada e condenada ao
cadafalso pelo crime.
Melancólico com a morte de Justine, Victor vai passear pelas montanhas e encontra a
Criatura; ela implora a Victor que ouça a sua história. Esse, movido pelo remorso, decide ouvila:
após receber vida, vendo-se sozinha no laboratório, a Criatura pega algumas roupas e segue
para a floresta. Ali, aprimora seus sentidos e aprende algumas coisas, como, por exemplo, a
utilidade do fogo. Devido à escassez de comida, muda-se dali e refugia-se sob uma cabana.
Nesse lugar, a Criatura observa, através de uma fenda na parede, o comportamento de seus
moradores. Uma família composta por um velho cego, de nome De Lacey, e seus filhos Félix e
Ágata. Eles viviam em Paris e tiveram seus bens confiscados porque Félix auxiliou um
comerciante turco a fugir da prisão por acreditar em sua inocência. O turco, em gratidão,
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prometeu-lhe a mão de sua filha Safie. No entanto, após a fuga, o turco volta para sua terra natal
e tenta levar a filha com ele, mas a moça foge para viver junto ao seu amado. Como ela não
sabia falar a língua inglesa, Félix começa a ensinar-lhe o idioma. Através dessa fresta, a
Criatura assiste às aulas e aprende a falar. Logo depois, encontra uma pasta com alguns livros e
toma conhecimento da leitura e da escrita. Nessa época, encontra, entre as roupas que trouxera
do laboratório, o diário de Victor. Por meio dele, descobre a sua origem, quem era seu criador e
passa a odiá-lo. Esse ódio aumenta quando a Criatura sente-se rejeitada pelos homens; primeiro,
ela tenta uma aproximação com o velho De Lacey (que a acolhe carinhosamente), mas Félix o
espanca e foge com sua família da cabana; em seguida, após salvar uma criança da morte, é
ferida pelo homem que a acompanhava.
Depois de se recuperar, a Criatura segue para Genebra, na esperança de encontrar seu
criador. Um dia, enquanto descansava, vê um menino brincando na floresta. Ela acredita que
aquela criança, por ser inocente, não iria rejeitá-la. Movida por esse impulso, agarra o menino,
que começa a gritar que seu pai, o Sr. Frankenstein, a castigaria. Ao ouvir esse nome, a Criatura
mata o garoto. Logo depois, encontra uma jovem adormecida num celeiro e coloca em sua
roupa a jóia que retirou do garoto.
Ao terminar sua história, a Criatura pede a Victor para criar uma fêmea para lhe fazer
companhia. Victor concorda com essa idéia, desde que eles deixem para sempre os lugares
habitados pelo homem. Por sentir repulsa em desenvolver seus trabalhos em casa, vai à
Inglaterra. Nessa viagem, tem a companhia de Henry; no entanto, Victor desvencilha-se dele e
vai para uma ilha quase deserta montar seu laboratório.
Após construir o novo ser, Victor percebe que está cometendo outro erro e o destrói
antes de lhe dar vida. Isso desperta a ira vingativa da Criatura, que promete acompanhá-lo em
sua noite de núpcias. Victor abandona a ilha e, após adormecer num barco que tomou para se
desvencilhar do cadáver, aporta na Irlanda. Lá, é acusado da morte de um homem, ninguém
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menos que o seu amigo Henry. Ao ver o corpo, desespera-se e cai em coma profundo. Após
recuperar a saúde, Victor é absolvido das acusações e volta a Genebra para se casar com
Elizabeth. Desta forma, determinaria seu futuro: ou morreria ou destruiria a Criatura.
Após o casamento, o casal segue para sua noite de núpcias. Victor arma-se e aguarda
que a Criatura venha ao seu encontro. Enquanto inspecionava a hospedaria, ouve um grito
terrível. Ele corre até o quarto e encontra Elizabeth morta no leito nupcial. Através das vidraças,
vê a figura sinistra da Criatura. Victor saca a sua arma, atira, mas ela consegue sumir no lago.
Depois disso, seu pai adoece e morre de desgosto.
Movido pela vingança, Victor passa a perseguir a Criatura por várias partes do mundo;
sofre muito durante essa perseguição, que só acaba quando fica preso num bloco de gelo no mar
e é salvo por Robert.
Assim termina a narrativa de Victor Frankenstein. O que segue foi descrito por Walton.
Várias vezes, o capitão tenta arrancar informações sobre a criação da Criatura, mas o cientista
sempre se nega a dar tal informação. A saúde de Victor foi piorando a cada dia, até culminar
com a sua morte. Na noite em que isso ocorreu, Walton entra na cabina onde estava o corpo e se
depara com a Criatura chorando abraçada ao cadáver. No entanto, agora é tarde para
lamentações, como ele mesmo diz. A Criatura promete rumar para o Norte, onde acenderia sua
pira funerária e, assim, encontraria seu fim. Dizendo isto, salta do navio e desaparece na
escuridão infinita.



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